...que a cada 11 minutos,
pelo menos uma pessoa desaparece no Brasil ?
...que no Brasil...
Não temos, na grande maioria dos estados, delegacias especializadas em desaparecimentos, o que dificulta a investigação pela polícia civil, pois não há equipes especializadas para este fim;
Não temos um sistema de alerta de alcance nacional, que possa avisar todos os segmentos, a fim de inibir a ação das quadrilhas que traficam seres humanos quando uma criança ou adolescente é raptado. Em vários países da Europa e na América do Norte, existe o Alerta Amber que é imediatamente acionado quando há desaparecimento e a maioria dos raptos de crianças são resolvidos em poucas horas;
Não temos um cadastro nacional de pessoas desaparecidas, eficaz e atualizado com as informações dos desaparecidos do Brasil, o que dificulta a localização de pessoas que estejam em alguma outra região do país;
Não temos um sistema de B.O. (boletim de ocorrência) de desaparecimento integrado entre as delegacias dos estados. É necessário um sistema de troca de dados a nível nacional, onde, ao ser registrado um boletim de ocorrência em determinada delegacia, o mesmo automaticamente esteja disponível em todas as outras delegacias do país;
Não temos um sistema de informação sobre pacientes internados sem identificação em hospitais, asilos, IMLs, abrigos, conselhos tutelares, igrejas e nem sobre pessoas enterradas como indigentes. Estas pessoas se encontram desaparecidas para suas famílias. É preciso que estes órgãos comuniquem, em forma de ocorrência, para as delegacias de suas cidades, inclusive com o recolhimento de amostras do material genético daquela pessoa, para identificação posterior;
Não temos a obrigatoriedade na divulgação de pessoas desaparecidas em jornais, rádio, TV, cinemas, shoppings, metrôs, aeroportos e demais locais com grande circulação de pessoas e tampouco em sites de órgãos públicos;
Não temos um banco de dados nacional, acessível e funcional, com o DNA das famílias dos desaparecidos para facilitar a identificação de pessoas ou corpos encontrados no decorrer dos anos ou para identificação de crianças adotadas ilegalmente;
Não temos um meio alternativo para quebra do sigilo telefônico do desaparecido, que poderia em muitos casos esclarecer a razão do seu desaparecimento;
Não temos campanhas educativas de combate ao desaparecimento de crianças;
Não temos um atendimento ou acompanhamento psicosocial para as famílias dos desaparecidos;
Não temos campanhas para conscientização da população sobre as causas que motivam tantos desaparecimentos, que são os raptos de crianças e adolescentes para o tráfico humano, drogas, violência doméstica, abusos sexuais, etc;
O que temos:
No Brasil, quando alguém desaparece sem deixar qualquer vestígio, seja adulto ou criança, a família fica abandonada a sua própria dor, sujeita a bater de porta em porta, procurar sozinha de rua em rua, esquina em esquina, cidade em cidade e receber, centenas e milhares de vezes um repetido NÃO! Não vi, não posso, não sei, não dá, não é possível, não me incomode... ! Só negativas, portas fechadas, escárnios, ironias e até desrespeitos e exposição ao perigo, pois na ânsia de encontrar a pessoa, a família procura até em meio a becos escuros e locais perigosos. Após o B.O. a investigação pela polícia nem sempre é levada adiante, salvo alguns casos, ou quando há a presença de um advogado ou influências, porém na grande maioria da vezes, a família passa meses, anos de suas vidas recebendo apoios tão somente de voluntários que se solidarizam com o seu sofrimento.
I.Amanda Boldeke
DESAPARECIDOS DO BRASIL
12/12/2012
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